– Como assim, um livro? – questionou a Inquietação.
Simplesmente assim: Era uma vez um livro. E dentro dele havia muitas
histórias, milhares de fotografias, desenhos incríveis e uma profusão de
personagens: princesas, príncipes, reis, rainhas, heróis, vilões...
– Senhor Narrador – interrompeu a Inquietação. – Tinha bruxa nesse
livro?
Bruxas, duendes, gnomos...
– E fadas?
Sim, claro! Fada Madrinha, Fada Borboleta, Fada Canção, muitas fadas.
E também havia piratas, cavaleiros, animais, florestas, reinos encantados,
universos paralelos, havia coisas maravilhosas dentro do livro.
– Senhor Narrador – interrompeu mais uma vez a Inquietação, já se
tornando inconveniente. – Só mais uma perguntinha: se dentro do livro havia
tudo isso, o que existia do lado de fora?
Do lado de fora havia um problema. Aliás, um problemão!
– Um problemão?
Exatamente. O livro era enorme. Cheio de páginas. Muitas páginas. E as
pessoas morriam de medo de se aproximar dele.
– Eu, heim! Nunca vi ninguém ter medo de livro.
Pois é. Mas as pessoas estavam tão acostumadas a ver filmes, novelas,
desenhos animados e outros programas na TV; viviam tão entretidas com seus
computadores, videogames, tablets e smartphones, que acabavam ficando
assustadas diante de um livro. Especialmente diante de um livro daquele
tamanho.
Certo dia!
Aqui, é importante lembrar que toda história tem esse tipo de
referencia a um “certo dia”. Em algum ponto da narrativa as coisas vão indo
muito bem ou muito mal, até que “certo dia” acontece um evento que muda o rumo
das coisas. E foi justamente o que aconteceu na história do nosso livro
gigante.
– O que aconteceu? – a Inquietação era incapaz de se controlar...
Certo dia apareceu uma criança.
– Desse jeito é impossível não interromper. Como assim, apareceu uma
criança? Crianças não aparecem do nada.
É claro que crianças não aparecem do nada. Havia muitas crianças no
reino e uma delas, um menino, talvez não tenha sido avisado sobre as possíveis
ameaças que o livro representava. Alheio ao “perigo”, o menino se aproximou do
livro, movido pela curiosidade.
Chegou bem perto, tocou, sentiu a textura e o cheiro do papel. Sentiu
até mesmo vontade de abrir o livro.
– E por que não abriu?
Quem disse que não abriu? Bem, na verdade não seria uma tarefa das
mais fáceis. Mesmo assim, movido pela curiosidade, ele tentou. Acontece que o
livro era muito grande. Maior que o menino, maior que os pais do menino. Talvez
fosse até maior que a casa do menino.
– Maior que tudo?
Não exatamente. O livro só não era maior que a curiosidade e, movido
por ela, o menino fez de tudo para tentar abri-lo.
Depois de muito esforço, o progresso parecia pequeno. Abriu apenas uma
fresta. Mal dava para ver o que havia lá dentro. Aquela abertura estreita, no
entanto, era suficiente para a passagem da imaginação. E foi através dela que
passou um dos personagens, enchendo o ar de alegria com seu canto e com o som
do seu violão.
EU VOU CANTAR ESTÓRIAS
EU VOU CANTAROLAR
EU TENHO NA MEMÓRIA
MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR
TEM HISTÓRIA DE PRINCESA
DE PIRATA DA PERNA DE PAU
A BELEZA DA MÃE NATUREZA
TEM GNOMO E TAMBÉM TEM LOBO MAU
TEM LOBO MAU? HO HO, HO HO!
TEM LOBO MAU!
Ao ouvir o som daquela melodia encantadora, outras crianças começaram
a se aproximar. Os adultos também vieram, atraídos pela beleza da canção. E
todos juntos, movidos pela curiosidade e auxiliados pelo poder da música,
conseguiram finalmente abrir o livro gigante.
Rafael Júnior
Pedagogo/músico/escritor
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Gostei esta história do livro m a inquietação, a curiosidade e a música. São ingredientes indispensáveis para ser um bom leitor.
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