Suas queijadinhas eram de comer rezando. As cocadas,
os diversos tipos de bolos, os “avuadores” (espécie de biscoitinhos de
polvilho), havia uma infinidade de guloseimas deliciosas, que dá água na boca
só de lembrar.
Um fato curioso é que esta habilidade culinária
também contribuía para tornar ainda mais interessante o jeito dela contar
histórias. Eu explico: a maioria das narrativas da minha avó terminavam com uma
grande festa onde príncipes e princesas, mocinhos e mocinhas, enfim, onde os
heróis comemoravam casamentos, a vitória do bem sobre o mal, o sucesso de suas
empreitadas. Fosse qual fosse o motivo, havia festas que duravam dias.

Infelizmente, ao chegar na “Ladeira do Quiabo”,
ela invariavelmente escorregava e lá ia o pote de doces rolando ladeira abaixo,
espalhando as delícias ao longo do trajeto. Por sorte, ela sempre conseguia
salvar uma pequena quantidade de docinhos para que, de alguma maneira, nos
sentíssemos participantes das tais festas. E nós realmente acreditávamos que se
tratava dos quitutes citados nos finais das histórias.
À medida que eu fui crescendo, comecei a perceber que,
coincidentemente, os docinhos recuperados após os tombos na “Ladeira do Quiabo”,
eram sempre idênticos aos que haviam sido preparados por minha avó, nos dias em
que as histórias eram contadas.
Mas isso não tem a menor
importância.
Rafael Júnior
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