domingo, 31 de maio de 2015

UMA HISTÓRIA DE AGORA, OUTRA DE OUTRORA

Para as crianças, o relógio é um brinquedo que apronta.
Se a brincadeira está boa, o tempo voa. Se um objetivo importante está próximo, cada segundo de espera parece uma eternidade.
Nós adultos não costumamos brincar com relógios, mas eles também aprontam conosco. Volta e meia dizemos: como o ano está passando rápido! Já chegamos na metade. Por outro lado, quando estamos numa fila, o tempo se arrasta, cada segundo é uma eternidade e nunca chega a nossa vez.
Todo esse blábláblá sobre o tempo é pra relembrar duas historinhas (uma recente outra, nem tanto), envolvendo crianças.
Outro dia, que pode ter sido ontem, semana passada ou ano passado (e mesmo assim, parece ter sido agora), eu estava conversando com o Felipe (7 anos), sobre meu irmão caçula que, quando tinha essa idade sabia andar de skate muito bem. E você também sabe andar de skate? Perguntou o Felipe.  Andar de Skate eu não sei. Mas de bicicleta eu sei. E ele emendou uma pergunta surpreendente: Sem rodinhas? Respondi afirmativamente e ele exclamou surpreso: Sério!
Um pouco mais longe no passado (mas nem tanto, afinal de contas, parece que foi ontem), eu estava levando meus filhos meninos para a escola, como sempre fazia todas as manhãs, de segunda a sexta-feira. Um tinha 7 e o outro 5 anos (hoje eles estão com 28 e 26). Era um dia chuvoso e eles aprontavam no banco traseiro do carro. O caçula provocava o maior que ficava irritado e ameaçava revidar com socos e tapas. Eu reclamava, fazia cara de bravo, mas não adiantava. A confusão entre os dois continuou até que chegamos à escola.
Antes de descer do carro, dei uma bronca nos dois e falei bravo com o caçula: Você fica provocando seu irmão, os dois brigam e eu poderia ter batido o carro. Não sabe que isso está errado? Ele me olhou e respondeu com uma única palavra: Sim. A resposta me deixou ainda mais zangado e emendei: Se sabe que está errado, por que faz? Mesmo tendo sido uma pergunta retórica, ele respondeu: Porque eu sou criança.

Tempo, tempo, tempo, tempo... O tempo passa e sempre aprendemos com as crianças muito mais do que somos capazes de ensinar. Deve ser por isso que os teóricos da educação preferem falar em ensino/aprendizagem, em vez de transmissão de conhecimentos.
                                                                           Rafael Júnior
                                                                          Pedagogo/músico/escritor

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