Se a brincadeira está boa, o tempo
voa. Se um objetivo importante está próximo, cada segundo de espera parece uma
eternidade.
Nós adultos não costumamos brincar
com relógios, mas eles também aprontam conosco. Volta e meia dizemos: como o ano está passando rápido! Já chegamos
na metade. Por outro lado, quando estamos numa fila, o tempo se arrasta,
cada segundo é uma eternidade e nunca chega a nossa vez.
Todo esse blábláblá sobre o tempo é
pra relembrar duas historinhas (uma recente outra, nem tanto), envolvendo
crianças.
Outro dia, que pode ter sido ontem,
semana passada ou ano passado (e mesmo assim, parece ter sido agora), eu estava
conversando com o Felipe (7 anos), sobre meu irmão caçula que, quando tinha
essa idade sabia andar de skate muito bem. E
você também sabe andar de skate? Perguntou o Felipe. Andar
de Skate eu não sei. Mas de bicicleta eu sei. E ele emendou uma pergunta
surpreendente: Sem rodinhas? Respondi
afirmativamente e ele exclamou surpreso: Sério!
Um pouco mais longe no passado (mas
nem tanto, afinal de contas, parece que foi ontem), eu estava levando meus
filhos meninos para a escola, como sempre fazia todas as manhãs, de segunda a
sexta-feira. Um tinha 7 e o outro 5 anos (hoje eles estão com 28 e 26). Era um
dia chuvoso e eles aprontavam no banco traseiro do carro. O caçula provocava o
maior que ficava irritado e ameaçava revidar com socos e tapas. Eu reclamava,
fazia cara de bravo, mas não adiantava. A confusão entre os dois continuou até que
chegamos à escola.
Antes de descer do carro, dei uma
bronca nos dois e falei bravo com o caçula: Você
fica provocando seu irmão, os dois brigam e eu poderia ter batido o carro. Não
sabe que isso está errado? Ele me olhou e respondeu com uma única palavra: Sim. A resposta me deixou ainda mais zangado
e emendei: Se sabe que está errado, por
que faz? Mesmo tendo sido uma pergunta retórica, ele respondeu: Porque eu sou criança.
Tempo, tempo, tempo, tempo... O tempo
passa e sempre aprendemos com as crianças muito mais do que somos capazes de
ensinar. Deve ser por isso que os teóricos da educação preferem falar em ensino/aprendizagem, em vez de transmissão
de conhecimentos.
Rafael Júnior
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